Cece tem acessos periódicos de raiva: atira objetos no pessoal da residência comunitária, joga-se no chão, morde-se. Os médicos procuram abrandar esses surtos com medicamentos; nos nove anos que a conheço, ele já tomou Abilify, Topamax, Seroquel, Prozac, Iorazepam, Depakote, trazodona, Risperdal, Anafranil, Lamictal, Benadryl, melatononina e o remédio homeopático Calms Forté. Toda vez que eu a visitava, a medicação estava sendo reajustada. (Andrew Solomon, Longe da Árvore)
Dante não tomou tantos remédios diferentes assim, uma vez que mais ou menos se ajustou desde o início com dois. Mais a melatonina para o sono e sete homeopáticos, que dou por dar. Só recentemente é que houve uma mudança importante (e cuidadosa e paulatina) na sua medicação de base.
Um dos seus neuropediatras lá do início disse-me duas coisas marcantes: a primeira era que quem manjava de remédios e dosagens e possíveis efeitos colaterais ali era ele. Mas quem conhecia o Dante era eu. A segunda fala foi que eu podia até levar o Dante ao Edir Macedo. Também. Se isso lhe fizesse bem. Mas que não deixasse, claro, de ministrar as medicações.
O último capítulo de No Mundo da Lua, pequeno livro ótimo e despretensioso sobre TDAH de Paulo Mattos, escrito de forma bem didática de modo a poder ser lido por portadores do déficit de atenção, é dedicado precisamente ao tratamento, onde se lê que a medicação deve sempre ser usada. Em seguida, diversos mitos e lendas sobre o uso de medicamentos são postos abaixo.
No caso do autismo, da epilepsia, e do transtorno de ansiedade e do TOD, achar que tudo irá se resolver com gotinhas ou florais ou johrei ou orações ao Menino Jesus de Praga e, por assim achar, deixar de ministrar ou interromper medicações, é muito mais que ingênuo. É criminoso.
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