No verão de 1992, quando cheguei em Iguape, praia do distrito de Aquiraz, a 45 quilômetros de Fortaleza, Mestre Zé Rubina morrera há pouco. Eu não sabia ainda, mas eu estava à procura dele, ele o encarregado de tirar o coco e a cana-verde ali entre os pescadores. Quem me deu a notícia de sua morte foram as rendeiras da praia que, sem interromper a faina com os bilros, arregalaram muito os olhos quando comecei a cantar-lhes os cocos do Zé que eu lembrava.
O velho Zé Rubina fora o criador do que ficou conhecido, ao menos lá entre os coqueiros, como coco falado, dada a sua maneira de cantar, que o coco que ela fazia mesmo era o de parcela e o de embolada.
Zé Rubina morto, fui encontrá-lo entre seus discípulos, que fizeram uma roda para mim numa noite inesquecível. Rolou até umbigada.
Tenho para mim que se Zé Rubina tivesse um sobrenome como Ferguson ou McFerrin ou Armstrong e subisse num palco de Free Jazz como se nativo do Deep South, neguinho se jogava a seus pés e recolhia suas guimbas como tesouros. Mas sendo quem é, quem foi, Zé Rubina foi só um velho nordestino pobre e mulato, que tirava umas rodas de coco entre os pescadores de Iguape em noites de luar.
Esta postagem é dedicada ao Felipe Barroso.
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