Fui dormir ontem com o coração pesado, depois de mergulhar nas cartas de Elizabeth Bishop. Ouvir agora, enquanto escrevo, Sognando e Risognando do Formula 3, não 'ajuda' muito, mas ao menos mantém o clima esquisito.
Eu abri o grosso volume de quase 800 páginas a esmo. Dei com uma carta a Robet Lowell e, pouco adiante, uma referência a Flannery O'Connor, cujas maravilhosas cartas, aliás, lidas e elogiadas pela Elizabeth, sem dúvida têm influência nessas 800 páginas.
Depois procurei por Ouro Preto. Encontrei Elizabeth en-theos com a casa que viria a ser sua, descrevendo Seu Olímpio, "um gnomo dos seus oitenta anos", com dez filhos, que ocupava a cozinha e um dos doze cômodos da 'Mariana', a casa que viria a ser sua. Na época, "uma imundície total -- patos, galinhas e gatos sobem na cama etc".
Mas quando a casa vem a ser sua, sua amada Lota já se suicidara, pertinho dela. As cartas são de uma angústia insuportável. A maneira como Elizabeth foi tratada pelos brasileiros que julgava amigos.
E, apesar de pequenas alegrias ainda com a casa ouro-pretana, as maldades que faziam com a casa, com ela e uma misteriosa X.Y. (uma nova companheira?), quebrando janelas, destruindo a campainha, jogando de volta para casa o lixo que ela pusera pra fora. X.Y. chegou a ser atingida por uma pedra.
Peço desculpas, Liz, pelos meus conterrâneos. Que sabiam muito bem o que faziam.
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