Uma das cenas memoráveis de Tomates Verdes Fritos, e aqui as temos a mancheias, é aquela em que Ninny revela a Evelyn que tivera um filho, Albert, portador de necessidades especiais. Quando ele nasceu, o médico a aconselhara que não o visse, já que sua mente não desenvolveria para além dos cinco anos de idade e que ele deveria ser institucionalizado, pois criar filho assim seria um fardo muito pesado ("the burden of raisin' a child like that would be too great"). Talvez nem mesmo o colocassem em uma instituição (isso não está no filme, sou em quem diz agora), mas simplesmente o deixassem morrer ali, no frio de uma bancada de hospital, já que, até Reagan (logo ele!) assinar a Emenda Baby Doe, em 1984, pais e médicos podiam, se quisessem, deixar essas crianças morrerem.
Mas Ninny é diferente. Contrariando seu sábio médico, sorri para ele e pede para ver seu bebê. Oh, como alguém pode pensar que aquela coisinha preciosa poderia ser um fardo? Ah, desde seu nascimento, Albert foi a alegria da minha vida, o maior presente de Deus. Não acredito que tenha jamais havido uma alma mais pura no planeta...
Me lembrei disso tudo ontem, me lembro disso agora, a respeito da Isolda, que ontem fechou aqueles zoião amarelo para sempre. Aliás, eu sempre pensei isso dela. Que não houve nunca, jamais, um gatinho mais doce, mais dócil, vivendo neste planeta.
1 comment:
Lamento muito pela perda, Evandro. Mas acredito que tenha sida uma gata feliz.
(adorei a expressão "zoião")
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