Não é de hoje que as federações regionais tentam acabar com os campeonatos estaduais, por meio de regulamentos esdrúxulos e uma subserviência ante a Globo que deixa masoquista no chinelo. Difícil superar a doideira deste ano, quando os vencedores da Taça Guanabara e da Taça Rio terão ainda que participar de um quadrangular decisivo, sendo que a vantagem do empate nessas semifinais tampouco cabe a um desses vencedores. Bem.
Estive domingo passado na final da Taça Rio no Engenhão. Era uma daquelas tardes, dir-se-ia tarde de maio já em abril, que nós, primitivos, queremos carregar como se fora o maxilar inferior de nossos mortos.
No Setor Superior Leste havia uma mulher gorda, muito gorda, como a mãe de Gilbert Grape. Ao seu lado o pequeno Gilberto sofria com o sol inclemente que às 4 horas incidia sobre nós. Gilberto é pequeno, muito pequeno, terá os seus dois anos e a camisa sobre a sua cabecinha não lhe traz alívio algum. Olho a primeira vez, demoro o olhar numa segunda e quando vou olhar com olhos tristes de cão azul ainda uma terceira vez, ele já não está lá.
Há uma senhora que vai e vem no corredor, esfrega as mãos, não senta de nervoso.
À minha esquerda, há mãe e filha, aquela passa o jogo inteiro mexendo no celular (não viu os gols), esta é a coisinha mais sorridente que conhece todas as músicas que as organizadas à nossa esquerda e abaixo de nós entoam. Pula e aplaude e quando Luís Fabiano faz o segundo gol, as palminhas de suas mãos fiquem da cor de um jambo, mas ela é só alegria.
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.
e em maio, tantas vezes, morremos.
Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera
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