Já escrevi sobre a Casa dos Poveiros aqui. Mas que alegria redescobri-la em Nava, primeiro capítulo -- Campo de São Cristóvão -- do Chão de Ferro. Sensacional.
Outro, que faturava fortunas, com um pêndulo de cristal, era o faladíssimo Seu Almendra. Deste me lembro porque acompanhei minhas tias várias vezes a sua tenda. Tenda? Era verdadeira mansão, casarão de sombras propícias. Creio não errar dizendo que é o palacete de número 302 da Rua do Bispo -- onde fica atualmente a Casa dos Poveiros. O charlata era um português muito míope, a que o pincenê e a barbicha davam vagas semelhanças com Machado de Assis. Ouvia muito, falava pouco, mandava a doente deitar num sofá -- não! senhora, assim mesmo vestida -- passava por cima dela um pêndulo fio de seda e bola de cristal, explorava suas oscilações sobre as vísceras, sobre o plexo solar, ia à mesa, receitava uma homeopatia qualquer, embolsava a nota de vinte e mandava com Deus. Abria a porta da varanda apinhada. Chamava: Outra! ou Outro! E lá entrava nova figura radiosa de esperança.
1 comment:
Grande Nava! Beleza essa Casa dos Poveiros.
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