Quem nunca reparou no leão branco na subida do Alto? Fez parte da minha infância, nas inúmeras subidas para a Praia da Barra, fez parte da juventude de Pedro Nava, em seus tresloucados anos de Pedro II.
Assim lemos em Chão de Ferro, ele lembrando, euforicamente, a euforia das saídas do internato:
Mudou a palavra mas não mudou o ouro do dia -- porque hoje é sábado! nem mudaram nossos corações forros e nossa alegria solta -- porque hoje é sábado! Era essa alegria que nos espalhava na rua e nos fazia reagruparruar na ruarrua. Subíamos e descíamos os degraus escadaria de cantaria, cavalgávamos a amurada de pedra, íamos voltávamos bebíamos sem sede na biquinha de bronze do nicho de granito dourado pelo tempo, montávamos o leão de mármore cuja cauda foi arrancada por um de nossa turma (ele -- o leão -- agora se encontra, rabo restaurado, na Estrada Nova da Tijuca -- é o mesmo, corríamos nos separando novamente embolando nos atropelando como revoada de pássaros, bando de terriers saltando dando cambalhotas gambadando camba gamba pulando-carniça batendo canhão-vovó.
Eu já me dava satisfeito ao reencontrar o leão. Fiquei ainda mais ao perceber-me observado por notável capela de macacos-prego. Coisas de quem tem a maior floresta urbana do mundo tão ao alcance da mão, perdoem-me o ufanismo.
PS: E não haverá nesses macacos alguma semelhança com o grupo de Nava? É voltar lá e verificar se o rabo do leão continua lá, ali onde terminam as costas.
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