Algumas palavras sobre o Jumbo (originalmente o apelido do vocalista Alvaro Fella), sexteto milanês que é dos mais originais e perturbadores grupos da cena progressiva italiana e um dos poucos daquele país a ter uma carreira mais ou menos sólida. Foram três discos na primeira metade dos 70.
O primeiro, homônimo lançado em 1972, não é muito progressivo, não. É todo blueseiro, com toques hendrixianos. Mas a voz do Álvaro Fella está lá! Assim como a belíssima “Dio è”, que iria ressurgir no DNA.
Quanto ao segundo, que salto! Embora também lançado em 72, já aos primeiros acordes de piano da maravilhosa “Suite per il Sig. K”, se percebe que temos uma obra bem mais madura que o trabalho precedente. Dividida em três partes, a suíte é um dos momentos mais emblemáticos do prog italiano, com o piano, a flauta, a gaita, a nervosa guitarra, a voz marcante de Álvaro Fella, e a poesia contundente da letra: “Sta accadendo qualcosa dentro me...”. A canção “Dio è” reaparece aqui, fechando a suíte.
Em que pese o destaque natural da suíte, as outras canções, menos ambiciosas, não têm menor valor. A coragem e a falta de autocomiseração de Fella estão explícitas em “È brutto sentirsi vecchio”. A capa tem também qualquer coisa de genial. Um palhaço? Não, na contracapa, vê-se que é um velho, simplesmente um velho. É que em sociedades imediatistas e guiadas exclusivamente pelo consumo, muitas vezes não há diferença entre palhaços e velhos.
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