A caminho do umbigo do mundo, paramos na desolada Erato, que até agora não descobri tratar-se do nome da cidade ou da "parada". Lugares assim me fascinam tanto quanto angustiam. A desolação parecia vir da época :: algo como, mal comparando, um hotel em Porto de Galinhas durante um mês de dilúvio.
Erato me trouxe à mente o livro homônimo de Marcus Acioly (a quem Glauco Mattoso denominou "rei do parêntese", enquanto a Cecília seria a rainha da reticência...).
Ontem confesso hesitei em empregar a palavra "fodiam" em soneto que rememorava as noites adolescentes em Visconde de Mauá. E não era nem eu quem o fazia (quem me dera!....), mas estrelas e pirilampos em nossos cabelos. Relendo o poeta pernambucano me envergonho de tamanha pudicícia.
COITO IN/VER/TIDO 2
por detrás o prazer é diferente
do gozo pela frente (e pela boca
e nas mãos e nas) toda a carne é pouca
para tanto desejo (pela frente
o amor ao próprio amor se satisfaz)
mas é diverso o coito por detrás
da fêmea (é como os animais copulam)
existe um cio por detrás (um jeito
de puxar os cabelos quando ondulam
como crinas) e o gozo insatisfeito
precisa de mais gozo para ser
em sua plenitude e goza mais
(se uma só vez o amor acontecer
é preciso que seja por detrás)
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