Comi arroz-com-pequi há muitos anos, numa birosca durante minhas expedições saint-hillarianas adolescentes pelos cerrados do Planalto Central. A dona, talvez pesarosa do aspecto solitário do viajante, não quis fazer graça nem ter assunto para o jantar em família, e assim advertiu-me dos espinhos. Embora incrédulo, segui as instruções à risca, riscando cuidadosamente a superfície das bolotas com os dentes.
Em viagem mais recente a Corumbá de Goiás (ver aqui e aqui), encontrei empadão goiano (aqui), mas nada de pequi, fora de época.
Só agora com colega de trabalho do Planalto, consigo o precioso contrabando, que me chega às mãos congelado em pote de sorvete, mesmo assim exalando seu profundo aroma de sexo de índia arredia.
Sendo o pequi, portanto, fruto dos mais nobres, Prínspe do cerrado, comida de jagunço feita em lata, comido por guarás e capivaras, dourado como os cabelos de Uadi, achei por bem equilibrar-lhe com coisa chã, mode evitar que o risotto se enchesse de fumos. Natural que eu pensasse no ótimo espumante Miolo Cuvée Brut, método tradicional, para o primeiro cozimento dos duros grãos arbóreos. E, claro, para o acompanhamento do prato que, reparem, é caprichosamente adornado com pequis nas bordas.
Evoé, Cananxuié.
Evoé, Cananxuié.
Trilha-Sonora :: Moldau, do Smetana.
PS: A parte 1 deste artigo está aqui.
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