Brillait-Savarin afirmou que “A descoberta de uma nova receita faz mais pela felicidade do gênero humano do que a descoberta de uma nova estrela.”, o que mostra que ele podia entender um bocado de culinária, mas bem pouco de outras verdades (maiores) da vida.
A descoberta de um novo Nilton Bravo é que é mais importante que a de uma nova estrela.
Pude confirmá-lo agora quando, ainda em Oaxaca, recebi mensagem de meu amigo Rixa Xavier dando notícias de ter encontrado botequim não com um novo Nilton Bravo, mas quatro.
Eu passara o dia em meio a velhas índias zapotecas, vira murais belíssimos, derramara doses copiosas de mezcal goela abaixo, visitara a Igreja de Santo Domingo, comera tamales e gafanhotos, flanara pelas infinitas praças oaxaqueñas, mas naquela noite o que me fez perder o sono foi a notícia vinda do Brasil. Por instantes pensei mesmo que já não era tão ruim assim que a viagem chegasse a seu termo.
De volta, claro, fui lá ver com meus próprios olhos. Curioso é que, uma vez na Ilha do Governador, eu e Rixa preferimos nos perder um bocado pela Freguesia, Praia da Guanabara e Tauá, reservando a Lanchonete Super da Ilha para o final, como quem, sequioso, adia o prazer da água.
Os quatro afrescos retangulares têm as mesmas dimensões e repetem temas caros ao Miguel Ângelo dos botequins: os flamboyants, o castelo, muita água, uma casinha modesta, ausência do elemento humano. Um chama a atenção pelo Pão de Açúcar e transatlântico. Parece que no Pão de Açúcar há uma estátua do Cristo.
Seria fácil criticar o proprietário pelas latinhas que praticamente encobrem um dos painéis, pelas canaletas e luminárias desastradas no meio dos quadros, pela iluminação que dificulta a contemplação, mas prefiro, por ora, elogiá-lo por já ter feito reformas no estabelecimento e optado pela manutenção das obras. O resto, espera-se, vem com conscientização e, claro, tombamento.
Rixa |
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