Enfim conheço as pinturas de Guttmann Bicho (1888-1955) localizadas no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Ernesto Nazareth, na Ilha do Governador. Creio ser um dos patrimônios histórico-artísticos menos conhecidos da cidade, ainda menos que o gato-maracajá, seu vizinho.
Para além do interesse intrínseco das obras -- telas coladas nas paredes pelo processo de marouflage -- são curiosas também suas circunstâncias de produção, numa casa de dois andares que sempre funcionou como centro de saúde. Como no final dos anos 20 a febre amarela grassava na urbe, Bicho não apenas voluntariou-se para trabalhar de mata-mosquito como ajudou a construir a casa como operário, desenhando a planta, carregando tijolos, amassando o barro.
De quebra, ornamentou as paredes com suas pinturas. As do primeiro andar tematizam a história da saúde pública na Ilha do Governador, enquanto que as duas do segundo retratam o aleitamento materno: aqui Guttmann pintou sua mulher e seus filhos.
Tudo isso há exatos 90 anos.
Tombadas em 1987, as obras estão em razoável estado de conservação, e uma restauração cuidadosa seria bem-vinda.
Como mencionei o gato-maracajá: a primeira estátua colocada sobre a Pedra da Onça foi também da autoria de Guttmann. A que se vê hoje é uma segunda versão.
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