Fosse necessário provar importância de Minha Vida de Menina (1942), da Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant : ensejou a uma inteligência da envergadura de Roberto Schwarz o delicioso Duas Meninas, pequena obra-prima da crítica brasileira, em que aproxima as figuras da menina do diário e a de Capitu. E aí traça o painel devastador da nossa infeliz sociedade emproada e patriarcal, a mesma que defende e elege bolsonaros da vida.
Fosse necessário mais um pouco: foi traduzido para o inglês pela Elizabeth Bishop e daí criou asas e rompeu as clausuras de Diamantina e Rio de Janeiro. Bishop encontrou no diário secreto encanto, como Drummond e Rosa.
E tem ainda o filme de Helena Solberg, lançado em 2004. Não se espere dele ênfase no enredo, se baseado no diário da menina que tanto reclama da mesmice de enredos de sua vida e de sua cidade. Podia descair para a pieguice, não o faz. Podia desandar na cor local, que dribla. Filme sensível e exato, brisas, viração, das asas de uma abelha.
Fosse necessário ainda: a trilha é do Wagner Tiso.
No comments:
Post a Comment