Guanajuato lida com seu Museu das Múmias de pelo menos duas maneiras: uma séria, com esclarecimentos históricos e científicos, e outra jocosa, aquela história de múmia como personagem de terror, múmia marvel, essas bobagens. Prevalece, graças, a séria e nem deveria ser de outra maneira, já que aquilo tudo é muito impressionante mesmo.
Ainda durante a visita dois aspectos me chamaram a atenção: as múmias que pareciam gritar como o grito de Munch, e os sapatos de algumas, minoria.
Impossível não lembrar de Nava. (Que teria corrido para o museu, claro, para depois sofrer com os pesadelos recorrentes e despertar de olhos esbugalhados e banhado de suor em seu apartamento na Glória.)
— Meus amigos! Lembrem de mim.
Se não de mim, deste morto,
deste pobre terrível morto,
que vai se deitar para sempre,
calçando sapatos novos!
Que se vai como se vão
os penetras escorraçados,
as prostitutas recusadas,
os amantes despedidos,
como os que saem enxotados
e tornariam sem brio
a qualquer gesto de chamada.
Meus amigos! Tenham pena,
senão do morto, ao menos
dos dois sapatos do morto!
Dos seus incríveis, patéticos
sapatos pretos de verniz.
Olhem bem estes sapatos,
e olhai os vossos também...
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