Houve troca de presentes em nossa bodas de madeira e eu ganhei a coletânea da Marianne Moore traduzida por José Antonio Arantes. Presente especialmente significativo, posto que este ano mergulhei fundo em Elizabeth Bishop (aqui, aqui, aqui), que escreveu páginas antológicas e divertidíssimas sobre sua amiga Marianne.
Eu já dialogara com esta difícil poeta norte-americana no poema "Sapos" (aqui).
O que fiz agora foi propor que fizéssemos, de um jato, no melhor estilo first thought best thought, uma tradução para "Poetry".
Aliás, este poema é tão Marianne: começou grande, com quatro estrofes, e ela foi revisando, desbastando até chegar a isto:
POETRY
I, too, dislike it.
Reading it, however, with a perfect contempt for it, one discovers in
it, after all, a place for the genuine.
POESIA
Também não gosto.
Lendo-a, no entanto, com total
desprezo, a gente acaba
descobrindo
nela, afinal de contas, um lugar para o genuíno.
(Trad. de José Antonio Arantes)
POESIA
Eu, também, desgosto;
Lendo, contudo, com pleno desdém, se descobre, afinal, um lugar de verdade.
(Trad. de Camila Veilchen)
POESIA
Também eu desgosto
Mas se lemos com um solene desprezo, encontramos
nela, enfim, espaço para o autêntico.
(minha trad.)
2 comments:
É que adorei o poema e as três traduções!
Tenho a dizer - se me permite - que de todas prefiro a da Camila. Ela conseguiu, a meu ver, dar a mesma entonação, o mesmo cantar do verso original. Ficou cristalino, pareceu-me.
Um beijinho a ela (se me permite, mais uma vez) e abraço para si. Aproveito para desejar a todos vocês um Feliz Ano Novo.
Tem todas as permissões, Susana.... Que bonito ler isto! Um ótimo 2018 para você e suas meninas!
Post a Comment