Friday, February 09, 2018

Crônicas Indianas III :: Varanasi I



O Lonely Planet já exortara que, em termos de assédio, barulho e pilantras, Nova Déli e Agra eram pinto perto de Varanasi. Chocados, nos recusamos a acreditar: aquilo era hipérbole, pura figura de retórica num guia cheio delas.

Não era.

Carrière, em seu maravilhoso dicionário amoroso da Índia, já aconselhara se deixasse Varanasi para o final de qualquer viagem à Índia. Deixamos. Perdemos o voo, voltando de Kathmandu, cheguei a pensar em desistir e redescobrir Déli. Insistimos, porém, e morremos em uma grana para comprar ali, na hora, os dois últimos lugares da Indigo que nos levariam a uma das cidades mais antigas do mundo, a mais sagrada das sete cidades sagradas.

A chegada a Varanasi só pode ser comparada a outras chegadas a Varanasi, tipo há cinco anos foi assim hoje foi assado, porque não se pode ser comparada a nenhuma outra chegada.

Varanasi põe à prova o amor à Índia, é o exame de proficiência. Porque às vezes dá vontade de ir embora e pensar por que não fui pra Alemanha, onde eu passaria inteiramente despercebido e ninguém me diria o que fazer? Tive vontades também de apenas estar sob os flamboyants do Grajaú.

Mas o sol nascente sobre o Ganges cura tudo. O passeio por ele também. E será preciso mesmo certo distanciamento para uma análise menos equivocada.



















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