Tuesday, June 21, 2016

Babel, do Andre Murray



Conheci o Andre em 1985, durante o processo seletivo do American Field Service. Embora tivéssemos temperamentos bastante diferentes, ele extrovertido mulherengo cheio de si (cheguei a ouvir de sua boca 'Não tenho culpa de ser gostoso'), tornamo-nos próximos, muito próximos, principalmente no semestre que precedeu nossa viagem, o primeiro de 86. Gostávamos de Pink Floyd, livros e cerveja. Tratávamo-nos por Esponja e Esponjinha. Quando fomos para os EUA, ele foi para a Costa Oeste e eu para Chicago. Trocamos cartas, mas de volta ao Brasil nos vimos poucas vezes. Essas coisas, essas voltas, essas vidas.

Convidei sua mãe, Roseana Murray, sem atinar à época que ela era a mãe do filho, para um evento de poesia na PUC em 94, mas só fui revê-lo, em um restaurante em Ipanema, em 99. Ele já chef, eu já professor. Ainda esponjas.

Depois teve o Pavão em 2006 e agora de novo em 2016. Fizemos juras de que nos veremos novamente antes de 2026. 

Andre Murray é cozinheiro de mãos cheias. Uma refeição em seu Babel, no alto do Vale do Pavão, aonde só se chega (graças) em estrada de cascalho, é como deve ser uma refeição dessas : um evento, uma experiência sensória, espiritual, que transcende as lindes do comer e beber. Acho que peguei a melhor hora, aquela entre lobo e cão, quando as araucárias exibem suas silhuetas deslumbrantes contra o céu que escurece e a fritada de cogumelos com foie gras põe a gente comovido como o diabo. Upon the mountains overhead / a crowd of stars.

Gabi, Dani, Esponjinhas, Camila






Que prazer mais um corpo pede
Após comer lá no Babel?

Um gato macio e uma rede
Já posso partir. Tô no céu.


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