Wednesday, February 15, 2017

See me, feel me, touch me



Talvez por essa tendência de repudiar o óbvio, a que Camila chama, gentil e eufemisticamente de lado D, sempre resisti a esboçar conexão, frágil fosse, entre Dante e Tommy.

Hoje vejo que não há como não vê-las. Guardadas, claro, muitíssimas diferenças, a começar por aquela óbvia (er), mas que muitos confundem, entre a obra de arte e isto aqui a que chamamos realidade.

Esta "Go to the Mirror!", por exemplo, uma das canções-chave da ópera. O médico dizendo, tão medicamente, "He seems to be completely unreceptive" é tão perfeito, menos pelo conteúdo que pela forma: um médico e seu jargão médico. Em anos de contato com inglês, nunca vi essa palavra, unreceptive, senão aqui.

Pete com seu See me, feel me / Touch me, heal me reflete bem a realidade do autismo. Exceto, claro, pelo "heal me", mas isso mais que desculpável em 1969.

O trecho "What is happening in his head? I wish I knew" também assino embaixo.

((PS: Existe uma parte da música muito porrada, muito verdadeira também, que acabou de fora:

I've kicked him, licked him, rubbed him, hit him, loved him / Everything in vain to let him know / I'm here my son, your dad, I wait for your sign / And in my heart frustration overflows ))
 


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