The World Encyclopedia of Beer, o primeiro livro de cerveja que comprei, e lá se vão quase vinte anos, trazia ilustração. No genial conto "Shakespeare in the Bush", de Laura Bohannan, ela aparece. Nossos índios (é ler Thevet e Lery, é ler Hans Staden) tinham algo semelhante, só que feito de mandioca e saliva feminina : o cauim. Sim, falo da umqombothi, a genial cerveja xhosa sem a qual uma viagem à África do Sul não será digna de registro.
É feita de... milho!, e nós cervejeiros stuck-up que metemos malho no milho e arroz da Itaipava e InBev... Mas aqui é diferente, claro. No passado era bebida apenas por homens, inda que, obviamente, feita por mulheres. Hoje é consumida em casamentos e outras celebrações. Como o teor alcoólico é baixo, nas townships ela é bebida no começo do dia, para dar energia. Adorei a ideia.
Dela provei no Marco's, o restaurante mítico situado a um salto de pulga do nosso hotel em Bo-Kaap. Não tem o menor gosto de cerveja, pelo menos não como nós comumente entendemos a palavra. Ora, mas as cervejas de fermentação espontânea da Cantillon tampouco têm. Combina, a umqombothi, muito bem com carpaccio de antílope e camarões moçambicanos. Se os músicos nessa hora tocarem Miriam Makeba, aí a gente se comove de um jeito que quer chorar, dançar na chuva e ser presidente da República.
Chave-de-ouro: O 'qom' de umQOMbothi é pronunciado com o clique (ver aqui).
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