Sunday, July 12, 2015

Celino, Pintor de Azulejos

Ramos

A descoberta de dois paineis azulejares em uma mercearia em Ramos serve como pretexto para enfim escrever algo sobre Celino, J. Celino, de quem já tínhamos algum registro.

É dele, by the way, o que julgo ser um dos mais espetaculares paineis azulejares nesta cidade, aquele que se encontra no Bar e Restaurante Matadouro, no bairro de Santa Cruz, nas lindes do município. A pintura, deliciosa e perfeitamente kitsch, retrata uma estância gaúcha ao entardecer, com seus vaqueiros de bombacha improvisando um inevitável churrasco. O sol agonizante como que queima o ipê amarelíssimo em primeiro plano. Frederico Morais resume bem: "Esta paisagem, se vista num quadro de cavalete ou no contexto de um salão de arte seria insuportável, mas ali, na parede de um bar, ganha um novo significado". Este julgamento pode ser estendido sem prejuízo para toda a obra dos Igrejas e do Nilton Bravo.

O 'agravante' do painel do Matadouro é estar ele ainda sobre a combinação bicromática de azulejos branco-roxo, sobre a qual escrevi aqui. O painel faz com que o bar seja conhecido pelos habitués por 'do Gaúcho', embora o dono não o seja. Para os amantes de botequim com azulejos, vale a tremenda trip de trem para Santa Cruz.

Do Celino também os paineis, menores e já mencionados por aqui, no Bar e Caldo de Cana Mostero, em Madureira, e em uma casa da Tijuca. Agora, estes dois paineis em Ramos, uma Santa Rita e um grande painel de 150 peças nesta mercearia que já foi açougue, cujo nome não me foi fornecido pelo desconfiadíssimo dono.

Notem como o pintor, com o passar do tempo e ao ganhar confiança, modifica sua assinatura do painel de Santa Cruz para os demais.

Santa Cruz

Santa Cruz

Santa Cruz

Madureira

Madureira
Tijuca

Tijuca

Ramos

Ramos

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