Pergunto à colega de trabalho como vai seu filho, ela responde que vai bem, que está numa fase de muita birra, mas vai bem. E não pergunta pelo Dante. Não quero ficar aqui de vitimização, mas não é normal, não é ao menos etiqueta (etiqueta = pequena ética) que o diálogo seja "E aí, como vai?" / "Bem, e você?" ? Quando o assunto é Dante, o complemento "E você?" é omitido, fraturando o que seria mínima função fática da linguagem.
Sempre foi assim, as exceções comprovam e reforçam a melancólica regra. Não se pergunta pelo Dante, assim como perto de mim evitam-se comentários como "Meu filho ganhou uma bicicleta e aprendeu a andar no mesmo dia" ou "Meu filho de um ano já fala nome e sobrenome dos avós" etc. porque sabem que o Dante, aos seis, ainda não fala nem anda de bicicleta.
Querendo talvez me 'poupar', o que fazem é empurrar cautelosamente as crianças com necessidades especiais para debaixo do tapete da História, da história, do dia a dia. É esta uma das primeiras descobertas do pai de O Filho Eterno, do Cristóvão Tezza.
E eu queria tanto crer que a idiota da Silvia Pilz estava errada.
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