Quando fui a três shows do Van der Graaf na Alemanha em 2007, conheci no primeiro, em Nurenberg, um sujeito cuja banda preferida era o The Pretty Things. Venhamos que já é difícil encontrar quem conheça, um pouco mais quem seja fã, mais ainda quem a tenha por primeirona. E isso depois de um show do Van der Graaf Generator. Gostei daquilo.
Se The Pretty Things é totalmente desconhecida aqui na terra do tchan, mesmo na Inglaterra, nos anos áureos, nunca foi das mais badaladas. Ok, destino de bandas de rock progressivo? Mas eles não são rock progressivo.
S. F. Sorrow, ópera-rock de 68 que precedeu Tommy, para desespero do Pete Townshend, é obra-prima de fio a pavio. Ouvi-la hoje e dizer "lembra Beatles" é cruel, quase ignorância. Não há como negar a influência dos Beatles, mas a influência aqui é fruto de todas as vibes esvoaçantes numa Inglaterra no final dos 60s. A galerinha nascida nos anos da guerra ou logo após a esta andava meio criativa e a revolução total contra as instituições burguesas quase deu certo.
Mas "influência" dos Beatles? Bem, o disco foi gravado no Abbey Road e o produtor era o Norman Smith, que já trabalhara com os próprios e também com o Pink Floyd. Isso coloca o S. F. Sorrow ao lado de um Revolver, Sgt. Pepper's, White Album, ao invés de fazer dele um epígono. Mellotron pra cacete. Cítara. Vocalizações harmônicas lindas, como na música que destaco.
O enredo da ópera é triste de dar dó. Não há redenção como em Tommy e, de certo modo, no The Wall. É hopeless. Bem, já chamar o herói de Sebastian Sorrow e lançar o disco com uma capa de lápide... esperar o quê?
Nesta faixa que é a minha preferida, como gosto imenso do encadeamento dos primeiros versos que fazem um longo "Excuse me, please, I wipe a tear / away from an eye that sees there's nothing left to trust" cheio de aliterações, assonâncias e rimas internas....
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