Há alguns dias meu amigo Paulo Tarso postou no face o documentário Em Nome da Razão, de Helvécio Ratton, gerando muitos comentários.
Helvécio era estudante de Psicologia e, em 1979, tinha acabado de voltar do exílio no Chile. Com o documentário, creio, conseguiu reunir suas duas paixões: o cinema e a psicologia.
Mas não aquela psicologia clean dos consultórios, ou a psicologia linda dos frasismos, ou a psicologia inexpugnável de um Lacan. Ratton quis mostar como viviam os loucos e "loucos" institucionalizados em nosso país. A instituição, no caso, é o malfadado hospício de Barbacena.
O livro de Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro, de que falei aqui, obviamente faz menção a Ratton.
O documentário é bastante forte. A trilha-sonora resume-se aos sons do desespero captados.
Agora, pausa para the horror the horror:
Antes que digam que isso é coisa de país de Terceiro Mundo, e asseguro que não há uma gota de nacionalismo aqui:
Em 2011, o New York Times noticiou maus-tratos horríveis em instalações residenciais para deficientes mentais em todo o estado de Nova York. Funcionários que abusavam sexualmente, batiam ou zombavam dos residentes quase nunca eram demitidos, mesmo depois de repetidas transgressões. 2011, New York. New York.
Mais: foi só em 1984 que Ronald Reagan (!) assinou a Emenda Baby Doe, que classificava como maus-tratos infantis a negligência ou a negação de tratamento para crianças deficientes. Até então, pais e médicos podiam, se quisessem, deixar essas crianças morrerem. Isso mesmo: podiam deixar a criança morrer ao relento e depois ir tomar uma cerveja. Provavelmente para comemorar.
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