Morando no Ingá, a frase mais comum para quem pega táxi é "Pega a Fagundes!" ou "Vai pela Fagundes!". A Rua Fagundes Varela é uma longa artéria que nos leva do Ingá para Icaraí e vice-versa. Rasga um morro (qual?) de modo que, bem em seu topo, temos entrada para o Morro do Estado. No começo, não a pegava por temor, depois passei a usá-la direto.
Justamente por ser "esquisita", passou anos à margem da especulação imobiliária, tanto que conservou muitas de suas belas casas (mencionei alguns de seus azulejos neste antigo post aqui), mas agora já está mais do que descoberta.
Fagundes Varela é o poeta romântico Luiz Nicolau Fagundes Varela (decassílabo imperfeito) que sempre, desde criança, gostei de dizer o meu romântico brasileiro favorito. Morreu em Niterói aos 33.
Talvez pela sua vida desrergrada e atormentada -- a perda do filho, o abuso do álcool, suas longas jornadas mata adentro (que elegi como um dos 10 mais da Lit. Bras. aqui) --, mas também pela qualidade e musicalidade de seu estro.
Gostava tanto dele quando adolescente que, ao ler na antologia Nossos Clássicos o comentário crítico do Manuel Bandeira que atentava quase que apenas para seu alcoolismo e dizia que o "Cântico do Calvário" permaneceu "um cimo isolado em toda a sua poesia", escrevi a lápis "péssimo o comentário". Isso em 1984. Quem, pensava, era ele para julgar o Fagundes, ele com seus versos de porquinho da índia e Irene preta Irene boa???? Vendeta!!
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