Ainda uma outra experiência aos que desejam escapar da obviedade do Pelourinho (que adoro e recomendo) consiste em tomar um trem na sesquicentenária estação de Calçada para Plataforma. A linha que serve os subúrbios e os suburbanos de Salvador tem dez paradas, sendo Paripe a final. Não há voz anunciando nada, não há placas nas estações: o negócio é ficar atento e contar um, dois três e saltar em Almeida Brandão. Aqui é Plataforma.
A quem acha que vai perder a conta, um método mais poético: ao avistar as enormes alongadas palmeiras imperiais, puxe a cordinha. Aqui é Plataforma.
Da estação é andar pedaço miúdo para chegar ao Boca de Galinha: mesas de plástico, nada de Heineken. O cardápio enxuto diariamente escrito a mão num caderninho. Os preços (ainda) convidativos, as porções (ainda) fartas. Comensais das antigas reclamam que estas diminuíram enquanto aqueles subiam. Nada diferente do Nova Capela: louvam as farturas e os preços, o dono lê, acha que é um otário e logo muda tudo. O negócio é não falar nada. Boca de siri.
Eu, comensal nada antigo, só tenho elogios. Se o camarão não é espetacular, a lagosta compensa, com sobras. E quando passa o trem em meio ao restaurante e a Baía de Itapagipe, os adultos correm tudo pra janela por amor de fazer uma foto. Crianças.
1 comment:
Oi bom Dia!! que belo post me senti vendo e ouvido tudo! Meu filhote gostou mesmo foi do trem !!!!Um abraço da Eliane.
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