Morei num apartamento Casa Claudia por uns 15 anos: quadros, paredes, sofás, cama, revisteiros etc. A qualquer momento podia entrar o Papa e a casa meticulosamente arrumada. E bonita, eu gostava assim.
Depois chegou o Dante e bagunçou tudo. Escrevi este poema aqui quando elezinho nem dois anos tinha.
Passaram-se anos. A casa continua bagunçada. Irritado, hoje de manhã Dante jogava longe o uniforme da escola, eu tentando vesti-lo. Não raro um item desses só é encontrado meses depois. Também Camila deixa às vezes uma coisa aqui outra ali. Suspiro.
Isso me lembra visita que Borges fez à casa recém-comprada de Jean-Claude Carrière em 76 ou 77. Para se desculpar da desordem, e repetindo chavão, Carrière veio com o 'Não repara a bagunça', uma bobagem se pensarmos que Borges já estava praticamente cego e que Borges era Borges, que apenas redarguiu: 'Eu compreendo. É um rascunho.'
É mais ou menos isso, mas não é. Porque não é rascunho. Está pronta já, querendo pode entrar o Chico.
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