Sunday, October 15, 2017

Tangerine Dream ::: o Documentário (parte I)



Sofri bullying por amar o Tangerine Dream, que uns imbecis radicais do Clube Metálico (que eu co-fundara!) chamavam de Tangerine Drama só para me atazanar. Eu engolia a raiva e pedia que os mestres Maitreya e Kut Humi os iluminassem. Minhas preces não davam muito certo: a galera cada vez mais radical já desprezava Accept e Manowar e mergulhava em busca de um death ou black metal, que nem existiam ainda como estilos. Isso em 1984.

Cheguei ao Tangerine Dream por meio do Renato (aqui), que, em 1982, tinha o relativamente recém-lançado Force Majeure, comprado na Modern Sound. Ele botava a última faixa pra tocar, apagava as luzes e dizia "Agora vamos ouvir o arremesso das pedras metamórficas". Éramos uns três ou quatro, no quarto pequeno. Viajávamos assim, sem qualquer necessidade de substâncias. Em meio às pedras metamórficas, a tosse da sua avó.

O Renato tinha uns amigos especialistas em Tangerine Dream. Eu, confuso, dava um braço para ser um. Quando levei umas TDKs a um deles, ele me gravou o Phaedra (escrevi aqui), o White Eagle e o Tangram. Este último tinha no lado B o Ommadawn, do Mike Oldfield. Depois vieram Strastosfear, Cyclone, Exit, Poland, Ricochet e outros. Toda a fase áurea.

Durante muitos anos foram a trilha-sonora dos meus dias e não falo apenas da meditação num quarto escuro em busca de uma iluminação que espero distraído até hoje.

Chato que quando se fale hoje em 'música eletrônica' se pense imediatamente num bate-estaca horroroso e formulaico, destituído de inventividade. Porque música eletrônica já foi música de aventura e o Tangerine Dream, o grande precursor, prova-o.

E ontem assisti ao documentário sobre a lendária banda. A postagem pp dita a respeito vem em breve.

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