Thursday, July 20, 2017

Porquinho Jurado




Este ano rolou aqui em casa um polvo no whisky que redundou em fracasso, não deu liga, um pálido arremedo de um que comi no Nanquim há alguns anos.

A ideia de acertar uma receita com whisky me perseguia -- assunto, diga-se de antemão, ainda pouco explorado: uma das bíblias sobre a bebida: Whisky - The Definitive World Guide, do Michael Jackson, dedica apenas duas, de suas quase 300 páginas, ao assunto. De modo que ontem, primeira quarta-feira das férias, com muito frio e chuva, mandamos um lombinho para a panela de pressão. Para além dos temperos cotidianos, leite de coco, chakalaka e, claro, whisky.

Ficou simplesmente divino. Comemos de garfo por bons modos, mas poderíamos ter usado a colher, tal a maciez. A questão aqui é acertar a quantidade: se muito, toma de assalto, estraga a comida. Se pouco, pra que botar? Colocamos um pouco no começo e outro pouco já mais para o final. Se depois desta segunda, a cozinha ficou rescendendo ao nobre líquido, o resultado final revelou-se harmonioso, mais do que prevíamos até.

Qual whisky? Bem, qualquer um com muita turfa colocaria tudo a perder, de modo que já cortei as ilhas, principalmente Islay. Usamos o Jura (sobre o qual eu já escrevera aqui). Curioso que Jura é uma ilha, separada da Escócia continente por um pequeno estreito (a que chamam de sound), mas sua produção em nada lembra o usual, tanto que é chamado de "highland das ilhas". A edição Jura Superstition é exceção, tendo algum sal na boca e no nariz (mas nada de turfa ou fumaça).

Entusiasmados (en-theos), servimos com um arroz com fruta-do-conde e pimentões assados. Como fizemos muito, sobrou para a tapioca do lanche.


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