Este ano rolou aqui em casa um polvo no whisky que redundou em fracasso, não deu liga, um pálido arremedo de um que comi no Nanquim há alguns anos.
A ideia de acertar uma receita com whisky me perseguia -- assunto, diga-se de antemão, ainda pouco explorado: uma das bíblias sobre a bebida: Whisky - The Definitive World Guide, do Michael Jackson, dedica apenas duas, de suas quase 300 páginas, ao assunto. De modo que ontem, primeira quarta-feira das férias, com muito frio e chuva, mandamos um lombinho para a panela de pressão. Para além dos temperos cotidianos, leite de coco, chakalaka e, claro, whisky.
Ficou simplesmente divino. Comemos de garfo por bons modos, mas poderíamos ter usado a colher, tal a maciez. A questão aqui é acertar a quantidade: se muito, toma de assalto, estraga a comida. Se pouco, pra que botar? Colocamos um pouco no começo e outro pouco já mais para o final. Se depois desta segunda, a cozinha ficou rescendendo ao nobre líquido, o resultado final revelou-se harmonioso, mais do que prevíamos até.
Qual whisky? Bem, qualquer um com muita turfa colocaria tudo a perder, de modo que já cortei as ilhas, principalmente Islay. Usamos o Jura (sobre o qual eu já escrevera aqui). Curioso que Jura é uma ilha, separada da Escócia continente por um pequeno estreito (a que chamam de sound), mas sua produção em nada lembra o usual, tanto que é chamado de "highland das ilhas". A edição Jura Superstition é exceção, tendo algum sal na boca e no nariz (mas nada de turfa ou fumaça).
Entusiasmados (en-theos), servimos com um arroz com fruta-do-conde e pimentões assados. Como fizemos muito, sobrou para a tapioca do lanche.
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