Nos almoços pra lá de ordinários na casa da minha avó, houve aqueles com fruta-do-conde para sobremesa, para além da laranja lima, e minha mãe pegaria uma e diria "Adoro fruta-do-conde, era a fruta preferida do meu pai".
Isso nos ouvidos de um garoto ganha aura mítica: a fruta do conde se investe de dons quase cabalísticos, os mortos se enriquecem, pois tinham preferências a que devemos render preitos.
Meu avô não era nada disso (aqui e aqui). Era um cara difícil, isso sim, manipulador ao extremo, pianista, compositor, leitor de Dante, cardíaco. Já a fruta-do-conde terá sempre esse nome para mim.
Há muitos anos, estávamos eu e Bao em Garanhuns, terra de Lula, quando avistamos um ambulante vendendo a fruta. Começamos a discussão: Fruta-do-conde! Ata! Fruta-do-conde! Ata!. Fomos perguntar ao vendedor e o que ele respondesse daria fim à contenda. Acontece que era ele fanho, muito fanho, e quando perguntamos ele nos respondeu algo de todo incompreensível, o que não nos impediu, ao Bao e a mim, de virarmos para o outro e proclamarmos triunfantes: "Viu?! Não falei?!"
É uma história, na hora teve graça. Hoje na feira do Grajaú chamam-na de "pinha". Pinha é o cacete. Para mim, e aqui entra o Aldir Blanc, será sempre fruta-do-conde, pois minha mãe assim a chamava ao fim dos almoços na minha avó. Os que insistirem com 'ata' ou 'pinha' podem, em fila indiana, ir à merda.
PS: Tudo brincadeira, eu adoro variação. Não tenho paciência é para quem não gosta. Mas que é fruta-do-conde, é.
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