Andei relendo Maria Perigosa, do Luís Jardim, escritor e ilustrador pernambucano de Garanhuns, como Lula.
Tenho a segunda edição, de 1959, revista e aumentada, lançada vinte anos depois da primeira, ambas pela José Olympio. Exemplar com dedicatória, para um certo Bernardelli, com quem, depreende-se, Luís Jardim teria tido alguma relação por causa do Citybank. Jardim identifica-se como "o correntista" e ao livro chama-o "este livrinho sem perigo nenhum".
Também acho. Não tem perigo nenhum. Trata-se de um regionalismo muito ao gosto da primeira metade do século passado. Em alguns momentos é bom e interessante, em outros cansa pelo excesso de cor local. Em outros ainda, cansa pela pieguice, como no conto homônimo. Prefiro Bernardo Élis (aqui).
Mas este livro foi o pivô de uma grande polêmica na literatura brasileira, quando ainda havia polêmicas na literatura brasileira. Em 1938 a José Olympio promoveu um concurso de contos, o Prêmio Humberto de Campos, com a seguinte comissão julgadora: Dias da Costa, Graciliano Ramos, Marques Rebelo, Peregrino Júnior e Prudente de Moraes Neto.
Maria Perigosa, adivinhem, ganhou. Em segundo, sob o pseudônimo Viator, ficou Sagarana, do Guimarães Rosa.
Sagarana, todos o sabemos, só viria a ser publicado sete anos depois, em 1946. Graciliano morreu dizendo que aquela edição publicada era bem diferente da do concurso. É possível. Enfim.
Esta segunda edição da Perigosa é fartamente (bem) ilustrada pelo próprio autor.
1 comment:
Comprei o livro pelo título, em um sebo.
Antes de ler, fui atrás de referências no google, pois nunca havia ouvido falar em Luís Jardim, muito menos em Maria Perigosa.
Seu post me aguçou.
Li.
Demorei acho que uns três contos, para perceber que não era um romance.
:d
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