Tuesday, August 16, 2016

Crônicas Marroquinas IV ::: Comendo Camelo

Clock



Só fui ter a comprovação definitiva de que camelo não faz parte da culinária marroquina ao tornar a recorrer, já de volta ao Grajaú, ao maravilhoso Morocco: A Culinary Journey with Recipes, de Jeff Koehler, que não só não inclui nenhuma receita com o ruminante como sequer o menciona no índice onomástico. Ou seja, não há mesmo frase como 'Travelers who come to Morocco thinking about savouring camel etc'.

Minha passagem por lá, que incluiu visitas e estadias a Marrakesh, Essaouira, Fez, Meknès e Sefrou, de certo modo comprova-o. De certo modo. Porque... meninos eu vi. Vi uma cabeça de camelo cheia de verduras na boca pendurada em um 'açougue' na medina de Fez. E... meninos, comi. Enfim provei do bicho no já mítico Café Clock, aonde cheguei atrás dele, e depois incidentalmente em Meknès. Então, Mr. Koehler, da próxima vez me faça o favor.

Antes de mais nada: não é camelo o que se vê (e se come) em Marrocos, é dromedário. Confundi-los é como achar que crocodilo e jacaré são a mesma coisa, isto é, ignorar número de corcovas e cabeças chatas (no caso do jacaré). Cheguei mesmo a suspeitar que sua quase ausência na culinária marroquina dever-se-ia ao seu caráter quase que doméstico. Ou seja, um local comê-lo por lá seria como comermos por aqui cavalo ou cachorro. Tentei / testei esta hipótese junto a uma atendente de um restaurante em Fez, mas ela não me entendeu.

Quanto à carne em si, eu que não como carne vermelha há mais de 30 anos não posso ser muito preciso. O hambúrguer no Café Clock em Fez soube-me muito, muito bom. O tajine com ovos e carne de camelo (na forma de almôndegas) no Semira em Meknès não ficou atrás.

Faltou só provar do leite da camela, de que não vi rastro. Mas isso fica para a próxima, quando enfim encontrarei O Encoberto.



Meknès

Fez

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