Há muito que não escrevo sobre whisky no blog (última vez aqui, três anos atrás, sobre o indiano Amrut), embora whisky tenha aparecido de leve no poema que fiz para minha mãe aquando de sua partida ("eu que não tenho calmantes senão o talisker"). Bem, agora que a amiga Juliana me trouxe diretamente de Stirling um Ardbeg Corryvreckan, serão horas de atualizar o assunto.
Corryvreckan é o nome do terceiro maior redemoinho do mundo, situado em águas escocesas, perto da ilha de Jura. Está entre os passeios mais perigosos do planeta. O escritor George Orwell naufragou ali com seu filho de 3 anos em 1947. Quase morreram. Não fosse o resgate, não teríamos hoje 1984.
Dar este nome a um whisky que, em sua expressão habitual, é já incrivelmente defumado, salgado, marinho e turfado, para se referir a um cask strenght de 57,1%, parece-me muito apropriado, no mínimo como que a exortar 'não diga que não avisamos'.
Eu, que de ordinário desprezo como infantis muitas cervejas extremas, muita stout desequilibrada com gosto de pneu, não vejo nada de desnecessariamente extremo aqui. Em que pese a pancada, há, na boca e no nariz, alguma cremosidade e acidez. É ligeiramente mais medicinal que o Ardbeg normal, o que o aproxima do Laphroaig. Notas de couro molhado, madeira e laranja. Um jato de água ou duas pedrinhas são imprescindíveis para domar um pouco a besta.
A besta no mar, no meio do redemoinho.
A embalagem traz duas advertências: "Not for the faint-hearted" (perfeito, e que eu já pensara para o Ardbeg, Laph e Caol Ila) e "No swimming". Faz sentido.
Esta postagem é dedicada à Ju.
PS: Tivesse Orwell sucumbido no maelström, não teria a literatura o 1984. Mas também não teríamos o Big Brother da Globo.... Mas evitemos humor negro, please.
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PS: Tivesse Orwell sucumbido no maelström, não teria a literatura o 1984. Mas também não teríamos o Big Brother da Globo.... Mas evitemos humor negro, please.
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