Friday, May 13, 2016

Na falta de mulheres no governo, um pouco da Rachel



Que alguém desgoste do governo Dilma, tudo bem. Que desgoste da Dilma, está no seu direito. Que um "jornalista" (aspas imprescindíveis, já que é dele a biografia do "ator" Reynaldo Gianecchini) afirme em seu livro Que horas ela vai? que Dilma foi a "primeira mulher sapiens a presidir o Brasil e certamente a última"... bem, isso é inaceitável. Como assim, Sr. "escritor" Guilherme Fiuza? Explica pra gente esse machismo asqueroso, essa misoginia maldisfarçada? Quem sabe a Miriam Leitão não te ajuda? Aquela mesma que defendeu o golpe e agora revela-se / finge-se indignada com a ausência de mulheres no "governo" Temer.

Haja aspas.

Aí me lembrei da Rachel, por amor de contrabalançar um pouco. Rachel de Queiroz reunia facetas não muito queridas dos paneleiros: mulher, nordestina, intelectual, escritora, comunista. Vascaína. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, antro de barbados. Qual a flexão feminina de fardão? A roupa que Rachel usaria para a posse e sessões tornou-se (quase) um hashtag naquele 1977. O Vasco chegou a oferecer-se para comprar-lhe a indumentária.

Estive com ela em fevereiro de 1993. Eu, Nélida (não a Piñon!), Bao. Conversamos em sua sala por algumas horas. Ela autografou nossos livros, incluindo o raro A Beata Maria do Egito, uma de suas duas peças. Primeira edição de 1958, José Olympio, capa e ilustrações de Luís Jardim. Lembro-me de sua voz quando saquei o livro "Nossa, que relíquia! Nem eu tenho mais isso...."





 

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