do lado de cá do túnel |
Os dias não estavam bons.
Não há negociação possível ou razoável com a mãe do meu filho. Dante amorna-se em febres circadianas, alunos podem ser bastante desdenhosos, golpistas triunfam e tenho que sair para trabalhar na tarde do sábado.
No meio disso tudo, a companheira a meu lado no ônibus que pega o Túnel Velho. Apenas para que ela diga: "Este túnel é tão pequeno que nem dá tempo de ficar escuro".
Algo sorri dentro e fora de mim. Impossível não lembrar do Criança diz cada uma, do Pedro Bloch, livro que o Rosa adorava, não por tratá-la paternalisticamente como a uma criança, não é isso. É que a frase poderia mesmo ter saído do livro e saiu da companheira que estava ao meu lado durante a curta travessia do Túnel Velho, aquele que liga o cemitério São João Batista ao Bairro Peixoto.
E já não estou no túnel.
1 comment:
Túnel Velho, pertinho da minha casa. Pequeno de ônibus, a pé é maior! Interessante você ter lembrado do Criança Diz Cada Uma do Bloch, uma compilação maravilhosa que caiu no esquecimento. Bloch foi meu fonoaudiólogo quando eu era criança.
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