Uma das joias da coroa dessa coleção doida de livros de bichinhos nas línguas do mundo inteiro, Marc'harid conta a história de uma vaca florida (flores brancas sobre a pele negra, numa irresistível alusão ao nacionalismo bretão) incompreendida em seu amor pelas flores. A vaca branca come o buquê que Marc'harid lhe dá de presente. A malhada bebe a água na qual nossa heróina vaidosa admirava a flor que acabara de pendurar no chifre. A preta faz cocô sobre a flor azul que Marc´harid contemplava. Não são vacas más, são vacas, demasiado vacas. Marc'harid é que tem gostos diferentes, sensível demais, provavelmente canceriana. Quando o inverno a tudo cobre com seu manto branco, Marc'harid chora e nesse momento Dante chora também. Aliás, ele já quer começar a chorar antes dessa parte e eu peço que espere. As demais três vacas vêm consolar a florida e como depois do inverno vem a primavera, no final tudo fica bem sem que Marc'harid abra mão de sua diferença.
É um lindo livro, de belas ilustrações. Para que se tenha ideia do quanto o bretão é opaco para falantes / leitores de línguas latinas ou germânicas, eis o trecho em que Marc'harid sente-se desolada sobre o campo coberto de neve :: "Diwezhatoc'h e tiskouezas ar goañv beg e fri hag an erch'h a zeuas da c'holeiñ ar vro".
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