Friday, October 17, 2014

São José de Baixo ::: 1982-1985



Animado com a auspiciosa notícia de que o prédio voltará a ser usado para fins educativos, voltei hoje ao Colégio São José da Barão de Mesquita, passados módicos 29 anos.

Estudei ali de 1982 a 1985, fazendo o 8o ano e todo o, para ficarmos com a terminolgia da época, Segundo Grau. Vim, como muitos, do São José da Usina, onde ingressara em 1976.

Havia algo de mítico nessa passagem: da Usina para a Barão de Mesquita, do São José de cima para o São José de baixo. De acordo com o professor de geografia da sétima série Carlos Roberto, que fumava uns três cigarros por aula (sem tragar) e que tinha igual número de acessos de cólera nos 50 minutos, a história que aprendíamos ali na Usina era toda mentirosa e só no São José de baixo veríamos a verdade. E, decerto no mesmo patamar de importância para nós meninos, na Barão de Mesquita as meninas davam, sendo que as meninas eram, em sua maioria, as mesmas com quem roçávamos ombros na Usina. Como se a mera passagem de um prédio a outro despertasse hormônios e fermentasse a libido adormecida.

Não sei se isso (nunca me deram), não sei se voltar a estudar à tarde na oitava série, sei que vivi quatro anos intensos ali, dos quais carrego mais lembranças do que dos seis passados na Alta Tijuca.

Ao rememorar seus anos no Pedro II, Pedro Nava escreve que se de toda a porca vida pudesse guardar única lembrança, esta seria pedaço de papel em que se lia apenas PEDRO NAVA / COLÉGIO PEDRO II. Não sei se chego a tanto. À distância não raro tudo fica mais belo e o filtro da memória permite que deitemos fora a borra das tristezas, dificuldades, humilhações.

Não aqui. Lembro muito bem dos meus embates com a fina-flor da burguesia tijucana, principalmente na 8a série e no 1o ano. O segundo e o terceiro ano receberiam o sujeito mais em paz com o mundo, vegetariano e yogue, cultivando amizades. Mas nem por isso cobiçando menos a esplêndida oferta das semideusas que desfilavam perante meus olhos. Que nisso a Tijuca era e é insuperável.





3 comments:

Papel de Roça said...

Muito bom! Não conhecia o interior do prédio. Vale voltar ao assunto. Sheila Castell

roswell said...

Obrigado por nos relembrar os anos felizes no São José. Estudei lá um pouco antes de você, trago até hoje os ensinamentos cristãos que os Maristas me premiaram.

Vitor Carvalho said...

Entrei no São Jose da Barão quando estavas saindo. Estudei lá de 1985 (8ª) a 1987 (2º ano). O terceiro ano, eu tive que cursar numa escola pública, pois já trabalhava e o 3º ano do São José era manhã e tarde. Toquei na Banda Marcial, aliás sou músico até hoje. Esse prédio foi construído pelo meu Tio avô, o irmão Severino Carvalho. Doces lembranças dessa época de muita ralação e descobertas. Lembro de vários professores, tais como Cauby (português), Menezes (matemática) Gurgel Batista, o vampiro Marista (Física), Hélio babão (biologia de laboratório, Bio Érico...a última parte do nome hoje é censurada pela lacração. Catatau de Geografia, José Elias de Matemática, Valter Maia de Redação,