Exposição Brennand :: outubro de 2013 |
Francisco Brennand sempre me perturbou horrores, sua oficina me perturba e intriga até hoje e a visita à exposição no Museu Afro-Brasil não poderia ser diferente.
O Quintana de "Todas as artes são manifestações diversas da poesia -- inclusive, às vezes, a própria poesia" que julguei aplicar-se tão bem à Casa da Flôr (e aqui), também quase aqui.
Digo quase porque a arte de Brennand não é manifestação da poesia, mas a própria, em cerâmica viva e latejante.
Redundante portanto poesia em uma exposição do mestre? Não, porque de Brennand a arte do excesso, dele os barroquismos fantasmagóricos, dele as alucinações desmedidas dos oroboros.
Dois belos poemas para Francisco. O soneto "A Solidão e sua Porta", de Carlos Penna Filho, é a ele dedicado. O de João Cabral chama-se apenas "a Francisco Brennand".
A SOLIDÃO E SUA PORTA
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).
Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.
*************************************************** |
|
No comments:
Post a Comment