Fiquei um pouco mal-humorado porque na manhã de sábado eu perguntava pelo Centro Cultural Andrade Muricy e ninguém conhecia. Embora estivéssemos próximos a ele. Um taxista chegou a perguntar se eu tinha o endereço. Plé, Pedro Bó, se eu tivesse o endereço, precisava perguntar?
Porque eu não perguntava pela rua, eu perguntava pelo Centro Cultural Andrade Muricy e ninguém conhecia. Aqui não seria diferente, nem em São Paulo, nem em Berlim. Se estivesse perguntando pelo Shopping Estação, Shopping Mueller, Paladium, todos conheceriam. Mas não se pergunta por Centro Cultural, inda mais num sábado.
Mas eu já procurei por painel de azulejos no centro de São Paulo, já procurei por antiga casa de escritora goesa que se mudara há 50 anos e, afinal, eu já estive no Sri Lanka.
De modo que enfim achei.
A Casa Andrade Muricy é belo prédio de esquina em estilo eclético construído em 1926. Só o prédio já vale a visita, e a exposição da Sociedade Cavalieri é divina, mas o que me motivou realmente a visita foi o Andrade Muricy, autor do monumental Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, em 3 volumes, que comprei em manhã chuvosa de segunda-feira de novembro de 1993 na Livraria Brasileira (*sigh) por 30 dólares.
Andrade Muricy começa a introdução em caixa alta: NÃO É UMA ANTOLOGIA. Imaginem se fosse. Em época sem internet, o sujeito constrói um monumento de um movimento literário desprestigiado. O valor documental é inestimável. Às vezes gosto, em momentos de tédio que não tenho, de abrir um dos volumes a esmo e descobrir nomes como do gaúcho Homero Prates, do carioca Maurício Jubim, do baiano Domingues de Almeida. Todos mortos, para a vida e para a literatura. Todos Almas vibrando pela Imensidade / Enfim libertas dos Grilhões da Terra!
A versalhada, em 90% dos casos, tem (para mim) valor mesmo apenas documental. Mas adoro.
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