OUTONO
Carlos Nejar
Outono, outono, outono. Mas os homens
não, jamais se derramam na derrota
ou na ruína de ossos, quando a fome
é maior do que eles, com a resposta
urdida em Deus e no universo. Tomem
deles sua pompa, glória, a frágil crosta
de carências, paixões. E nunca some
a luta, nem o espírito. Reponta
outra força na dor, outro consolo
de resistir e amar. Cavar o solo
de inventos, flores, sendo o seu suporte.
Mas ir mudando. Se o dormido outono
desplumar-se, adiante e além do sono
é acordar, o acordar. Mesmo na morte.
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