A moça queria atravessar a ponte a pé. Tão logo soube onde eu morava, tão logo soube ponte. Não pergunta se podia: quer.
Desde os primórdios de seus quereres, esse querer me lembrava o conto "O vello que quería ve-lo tren", do Rafael Dieste, ao menos na sonoridade da sintaxe.
A ponte, bem o sabeis, administrada pela CCR, é difícil de ser atravessada mesmo de carro e ônibus, motivo pelo qual iniciei minha série "Poemas Escritos na Ponte", que consiste no poema e em foto tirada no dia de dentro do ônibus. Objetivo? Não ficar maluco.
A moça queria, a moça chegou perto. Pertinho, pertinha. No domingo a atravessamos de táxi. Eu very excited pensando que que ela vai dizer, ela otherworldly. No percurso, como faz, deita-se no meu colo e depois de me atordoar uns minutos pergunta ao motorista se tem música. Musiquinha. Ele grunhe qualquer coisa e liga o rádio. Começa a tocar o maior pagode. A princípio continuamos quietos. Depois sorrimos. Em seguida rimos. Para logo começarmos gargalhada irrrefreável. Ainda mais que o pagode diz "Saudade, meu amor, saudade...". Rimos de perder as certidões. Cheguei a temer que o motorista pensasse que estivéssemos a zoar dele. Já briguei com muito motorista de táxi, hoje não. E não estávamos a zoar. E estávamos.
E a travessia da ponte?
Desembarcamos no aeroporto. Motorista feliz com a dispensa do troco.
Caminhamos silenciosos para o check-in. Até ela pular no meu pescoço e dizer
Viu? E você dizia que não dava!....
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