Com a remasterização do disco homonimo do Campo di Marte em 2006, ganhou-se menos em melhoria sonora, óbvio nesses casos, que na reparação de um erro histórico que já durava 33 anos: enfim, pode-se ouvir o disco na sequência que Enrico Rosa o concebera.
Explico: como tantos do progressivo italiano dos anos 70, o álbum do Campo di Marte (1973) é conceitual. Prentendia-se nele falar dos horrores da guerra, para o que o próprio nome da banda e a estupenda ilustração da capa retratando mercenários turcos já colaboravam. Enrico Rosa concebeu um trovador a contar / cantar uma história quando a guerra o interrompia. Para tal, pensou em algo tão simples quanto eficaz: o trovador seria retratado por meio de violão, flautas, harmonias vocais, ao passo que a guerra viria vestida em guitarras elétricas e trompas.
A faixa inicial do disco, portanto, teria que ser a do trovador, uma das introduções mais bonitas de toda a história do prog italiano, na qual estão os elementos citados e ainda, como se não bastasse, mellotron. A casa discográfica, no entanto, achou que seria mais atraente começar o disco com guitarra elétrica e assim, numa medida arbitrária e desrespeitosa, inverteu os lados (!!!), empurrando o que seria a introdução para o lato 2. Estragos monumentais de gravadoras no prog italiano assim, só mesmo o que já acontecera com o Alluminogeni e o que aconteceria ainda com o Celeste.
Ora, se em qualquer disco a ordem das músicas é importante, o que dizer de um álbum conceitual. Direi mesmo que eu nunca dera ao disco o valor merecido por causa do estrago mencionado. Com a reparação, temos uma introdução lindíssima, a ser ouvida de joelhos nesta manhã crocante de agosto.
PS: A remasterização a que aludo não foi a primeira do disco em CD. Ele já saíra em CD pela Vinyl Magic com o mesmo erro abusrdo da bolacha de 73.
3 comments:
Lembro desse post não escrito mas conversado quando chegou teu álbum, em 2006.
conversamos sobre isso num dos meus aptos anteriores (tive 3), neste mesmo ano que o Raul mencionou (2006). O meu cd tem a ordem errada...
Bom post
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