Tuesday, August 28, 2012

Grajaú circa 1979





o visgo das saúvas esmagadas.
cheiro das tamarindeiras no cio.
a dor desesperada das cigarras.
o esporte de tocar as campainhas.
rolimã arranhando a sexta-feira.
pés ralados em futebol de rua.
desejos saciados em surdina.
sonhando graças com a vizinha nua.
cozido à camisa mandando à merda.
todos os flamenguistas da família.
me deixem em paz. vão tomar no cu.

um menino na aldeia Grajaú.
o que foi minha infãncia permanece.

eu envelheço. ele não anoitece.

3 comments:

Psicodelicatessen said...

Belíssimo verso, o do final!

Papel de Roça said...

Gostei muito, se encaixa a outros bairros, neste mesmo tempo!!!!

Papel de Roça said...

Evandro, Papel de Roça era uma loja que tive no interior. Já tentei mudar, mas não uso com frequencia. E como gosto do nome, vc já sabe que sou eu, Sheila do face Rio Comprido! ok ? abraço!