Pobre poesia, este objeto volátil, quase sempre refutada por um suposto hermetismo. Não gosto disso e, menos como poeta do que como professor, tento desmistificar essa sua criticada inacessibilidade. Há maneiras e maneiras de se acercar de um poema e estas poderão ser, claro, bem distintas da pretendida pelo autor. O poema é parricida e o as experiências de leitura e de vida do leitor influenciarão decisivamente a compreensão.
Isso tudo para dizer que o soneto recém-postado será porventura melhor compreendido por aqueles que incluem em seu conhecimento de mundo a obra-prima do rock progressivo italiano do Locanda delle Fate.
Há anos o tema "rock progressivo para crianças", nascido como tópico no fórum do progarchives e depois no do finado ummagumma, me interessa. Minhas pesquisas estão longe de completas, mas posso adiantar que penso que RP para crianças, como música para crianças em geral, não precisa ter sido necessariamente composto tendo crianças como público-alvo.
Embora haja, sim, obras de RP compostas especialmente para os pequenos (a ilustração deste post prova-o) e embora crianças possam vir a gostar de tudo (já ninei o Dante ao som de Magma, sem querer), creio, assim, que o belíssimo trabalho do Locanda seja o que pode haver de melhor nesta área.
Não será mesmo por acaso que eu já lembrara dele neste blog por ocasião do primeiro aniversário do Dante. O texto está aqui.
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