Antes que o Dante completasse quatro anos, teve época em que sua insônia crônica atingia picos que rasgavam os gráficos: em cinco dias, digamos, ele dormia assim umas quinze horas.
Me lembro de tudo, como, por exemplo, de uma época em que eu estava inteiramente só com ele varando noites empurrando carrinho. Não foi nada fácil. Nesse período, em 2011, lembro-me de noite em que ouvi repetidas vezes o Ange, os três discos que possuo. Era uma estratégia de não ceder ao desespero, ouvir música baixinho e escrever mentalmente textos.
Assim rascunhei resenha completa do Au Delà du Délire, obra máxima deste grupo progressivo francês. Completa com citações e o escambau. Claro que tudo se perdeu e a resenha deste disco fantástico nunca saiu.
Nem é hoje que sai. Ao ouvi-lo hoje e ao rememorar dias dolorosos, direi apenas que, se não se pode julgar livros e discos pelas suas capas, aqui vá sem erro. A capa mais bonita do rock progressivo francês veste este que é o disco mais perfeito daquele país. Amantes de uma interpretação teatral, à beira do histriônico, preparem-se :: Christian Descamps pode deixar Peter Gabriel no chinelo e as letras de "Se eu Fosse o Messias" e "Ballade Pour Une Orgie" desconcertam e na segunda parte da faixa-título Christian deixa-se cair no charco para voltar à terra de onde veio e nós ficamos com o solo de guitarra mais sem palavras.
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