Acerca do soneto, Paulo Mendes Campos disse que "quando um está pronto, isto significa que uma série de complexas operações mentais ocorreram, conseguindo o homem, de uma coisa frágil e ilusória como a palavra, um objeto que resiste à inteligência, à cultura e ao tédio do leitor. Essa peça bem acabada se incorpora à vida de algumas pessoas". Conclui o poeta mineiro (injustamente lembrado apenas como ótimo cronista, conforme escrevi aqui): que "a glória de um soneto é ser inesgotável".
O genial Glauco Mattoso escreveu mais sonetos que o romano oitocentista Giuseppe Belli, que compôs apenas 2.279. Nosso Glauco, tributário de Belli na irreverência, já tem mais de 4 mil. Afirma ele ser o soneto "universal como o alfabeto e perene como os ciclos solares e lunares" E continua com "dou-me ao luxo de pilheriar que o soneto vem a ser a maior invenção do Homem, depois da roda, do alfabeto latino, do algarismo arábico e da própria notação musical.
Escrever o que depois desses dois aí de cima? Bem, quando escrevo qualquer coisa que me pareça razoável (em releituras isso pode mudar, o que é bom e mau), sinto-me como aquele doido do Strinberg ao pintar, ele que foi mais dramaturgo e alquimista que pintor.
Mas quando escrevo um soneto que pareça razoável (isso pode...), bem, aí chego ao ponto de dispensar comida, posto que alimentado.
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