Monday, April 15, 2019

Praça Gregório Bezerra, Grajaú


Nem parece praça, antes um larguinho que só não chamo de mixuruca porque nele residem duas beldades lindas: uma figueira e um ipê-branco que só se faz notar três dias ao ano (aqui).

Dois prédios pequenos, uma casa, um restaurante, o ponto final do 435: tudo que abarca a Praça Malvino Reis, que, aliás, ficava em Copacabana e veio parar no Grajaú (rebaixada?! ou por maiores afinidades ideológicas?).

Pois este pouco (casa, restaurante, prédios, figueira, ipê) é até excessivo para homenagear esse capitão que, enquanto secretário de Segurança e chefe de polícia do governo de Pernambuco, durante repressão a uma greve dos funcionários da Rede Ferroviária do Nordeste, chegou a ordenar que a locomotiva passasse por cima dos grevistas deitados sobre os trilhos. Uma ordem tão brutal que foi desobedecida pelos seus próprios soldados.

Isso está nas Memórias (1979), de Gregório Bezerra, que também lembra ter sido torturado por esse milico infame nessa mesma época.

Então é isso. Eu, que coleciono ruas de nomes bonitos e divertidos (aqui e aqui), moro num logradouro que homenageia um torturador. Pode até "fazer algum sentido" para o Grajaú, este bairro bonito de cigarras, tamarindeiras e fascistas. Pode até "fazer algum sentido" para os tempos hodiernos.

Para nós não faz sentido nenhum. Então ontem mudamos.

Ficou meio mambembe, reconheço, mas foi feito com amor. E resistência.

PS: Eu já pensava em trocar o nome da praça. Quem sugeriu a troca pelo do Gregório foi o amigo João Leite.





Bônus: "Século de Ferro e Flor", punk da Subversivos em homenagem a Gregório::



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