Rainer Hachfeld |
Voltando ao blog depois da ressaca. Ressaca ruim, causada por coisa pior. Me envolvi bastante na eleição presidencial de 1989, a primeira no país depois da ditadura, a minha primeira, eu na velhice dos meus 21 anos. Envolvi-me razoavelmente na primeira vitoriosa de Lula em 2002, praticamente não participei na sua reeleição de 2006 e na da Dilma em 2010 (mas igualmente votando PT), para novamente envolver-me bastante na reeleição da Dilma em 2014.
Para todos os efeitos, se juntar tudo não dá a energia despendida nesta de 2018, neste bizarro pleito de 2018. Por consequência, a enorme frustração. E raiva.
O pior é constatar o dispêndio de tempo e energia para defender, como afirmou Brecht, o óbvio. Para combater o óbvio.
Não citarei exemplos. Lembro apenas das entrevistas que os dois candidatos -- o ótimo Haddad e o Coprófilo -- deram a um canal de televisão. Na parte final, que consistia em perguntas rápidas para respostas ligeiras, perguntou-se pelo livro de cabeceira. Enquanto Haddad cita Memórias Póstumas de Brás Cubas, o Coprófilo cita o livro do Ustra, o torturador sádico da ditadura que é seu herói e modelo. Esqueçam-se campanhas, planos de governo, alianças, jogue-se tudo fora e fique-se apenas com o livro de cabeceira de cada um.
Bastaria isso, mas deu no que deu.
Para usar linguajar dos meus alunos (que adoro, linguajar e alunos), ainda outro dia enredei-me numa treta no Facebook com a mãe de um grande amigo. Na página desta senhora, uma sua amiga descreveu o Coprófilo como "um ser de luz".
'Nuff said.
Adaptando Dostoievski, O Brasil vomitou a hediondez com a qual foi nutrido.
1 comment:
Acho que foi das coisas mais tristes que vivi nos últimos tempos, pior que Trump e pensava que não haveria pior. Coragem país irmão!
~CC~
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