Pior que incompleta, feia mesmo qualquer antologia mínima de músicas do The Who a serem ouvidas e vistas e lidas antes dos shows históricos no Brasil que não inclua "Love reign o'er me".
Um pouco sobre ela, seu lugar na obra, já escrevi aqui, quando tratei do amor em óperas-rock de modo geral. Hoje vejo que Pete precisava de um desfecho para sua opus magnum, ele que já vivia angustiado com o Lifehouse, projeto que nunca tomou forma direito, o que dirá desfecho. Era preciso dar um fim, ele nos vem com "Love reign o'er me".
Epifania final de Jimmy, "Love reign o'er me" soa como uma encarnação de outro angustiado: Raskólnikov, de Crime e Castigo. O ótimo filme que veio à luz seis anos depois ajuda a deixar isso mais claro (como se vê no ótimo clip abaixo). Jimmy perde emprego, família, amigos, namorada, lambreta e, por fim, a admiração pelo Ace, mero bell boy, lambe-botas dos ricaços, always running at someone's heel. Resta-lhe a chuva e, em sua forma neblina, o amor.
Jimmy perde a vida? Ambígua a cena final, mas tenho cá o meu palpite.
A versão da música presente na trilha-sonora passou pela produção do John Entwistle, que a encheu de sopros (metais e madeiras). Podem criticá-la, eu a amo de paixão, principalmente porque foi a versão primeira que conheci, há exatos 37 anos.
No comments:
Post a Comment