Tenho duas edições de O Amanuense Belmiro, este romance de discreto charme do mineiro Ciro dos Anjos: uma segunda edição da antológica coleção da José Olympio (sem atribuição da ilustração, que creio ser Santa Rosa) e a décima-primeira edição, com capa de Guimarães Vieira.
A primeira edição, de 1937, saiu pela editora mineira Os Amigos do Livro.
Ambas as edições são autografadas: a mais antiga para Murilo Miranda e a mais recente para um tal de Evandro Luis.
Visitei Ciro, amigo de Drummond e Rosa, em seu apartamento em Copacabana em 1993. Foram duas as visitas. Creio que na primeira mencionei a semelhança de seu estilo com o do Machado, algo que, pobre dos Anjos!, ele deve ter passado a vida inteira escutando. Quando cometi meu pequeno faux pas, ele apenas redarguiu: "São famílias de escritores, famílias espirituais..."
Mestre Candido já dera o juízo definitivo: "Falou-se muito em Machado de Assis a propósito de Ciro dos Anjos, insistindo-se sobre o que há de semelhante no estilo e no humorismo de ambos. O que não se falou, porém, foi da diferença radical que existe entre eles: enquanto Machado de Assis tinha uma visão que se poderia chamar dramática, no sentido próprio, da vida, Ciro dos Anjos possui, além dessa, e dando-lhe um cunho muito especial, um maravilhoso sentido poético das coisas e dos homens."
1 comment:
Ciro dos Anjos é um desses autores que descobri tardiamente, recentemente, especificamente O Amanuense Belmiro, vai na contramão do regionalismo que era a moda literária na época, tem algo de machadiano, algo de chapliniano, tem lirismo de montão, e tem uma hora que o mineiríssimo Belmiro vem ao Rio atrás de um "amor platônico" que parte em lua-de-mel com outro, escrevi sobre isto no meu blog carioca: http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com.br/2016/09/o-amanuense-belmiro-no-rio-de-janeiro.html
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