Quero fazer postagem sobre a estreia literária da Adélia Prado, há exatos 40 anos com o Bagagem. Não fiz ainda porque não encontro meu exemplar, primeira edição autografada. E não é qualquer autógrafo, é dedicatória para mim.
Bem. Até o fim do ano.
1976 era (ainda) um ano difícil para o país, estagnado para a poesia. No início deste ano comprei num sebo de Petrópolis uma primeira edição de 76 de uma poeta de algum renome entre os ledores de poesia. Achei-o fraquíssimo, quase ilegível.
Então veio a Adélia. Qual Rimbaud há alguns anos, deu um chute numa poesia reumática e cheia de nhenhenhéns, sobretudo a produzida por mulheres. Afinal, "ser cocho na vida é maldição pra homem".
Há dois dias rasurei um dos meus poemas queridos do livro, o "Módulo de Verão" ::
As tardes lindas começaram de novo, lindas e quentes
Nem um pouco sutis estas tardes são.
Esguicham cigarras pelos troncos
a paina macia de suas nuvens, o vermelho
que já se chamou arrebol.
Estas tardes têm cabeça de noiva,
as asas como véu, translúcidas.
Quem não quis junto delas escrever versos?
- Dantinho, vem comer,
ó meu amor, vem dormir.
Que noite tão clara e quente,
ó vida breve e boa!
Esta tarde atrela as patas
é no meu coração.
O que ela fica gritando eu não entendo,
sei que é pura esperança.
As tardes lindas começaram de novo, lindas e quentes
Nem um pouco sutis estas tardes são.
Esguicham cigarras pelos troncos
a paina macia de suas nuvens, o vermelho
que já se chamou arrebol.
Estas tardes têm cabeça de noiva,
as asas como véu, translúcidas.
Quem não quis junto delas escrever versos?
- Dantinho, vem comer,
ó meu amor, vem dormir.
Que noite tão clara e quente,
ó vida breve e boa!
Esta tarde atrela as patas
é no meu coração.
O que ela fica gritando eu não entendo,
sei que é pura esperança.
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